O bicho de sete cabeças | Recomendação de filme “não hollywoodiano”

Bicho de sete cabeças - 2000 - Brasil 

Há poucos dias, falamos sobre a diretora brasileira Laís Bodanzky. Para aproveitar o tema e valorizar um pouco mais nosso cinema, recomendaremos um filme nacional com uma temática mais pesada e crítica à instituições psiquiátricas. O roteiro foi baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, chamado Canto dos Malditos.
A história já começa mostrando um relacionamento difícil entre Neto (Rodrigo Santoro) e seu pai Wilson (Othon Bastos). Neto é um adolescente que gosta de fumar maconha e frequentar festas acompanhados de uma namorada de colégio, algumas vezes sai de casa sem ao menos dar satisfação ao pais sobre o que vai fazer ou quando volta.

Ao longo da primeira parte do filmes notamos dois pontos importantes, a Meire (Cássia Kiss), mãe do Neto, mostra que não tem a mínima noção de como lidar com o filho, preferindo ser passiva aos problemas e o seu Wilson se mostra uma pessoa extremamente cabeça fechada e guiado por tudo o que ouve dos outros ou "aprende" na televisão.
A parte principal da trama acontece quando Wilson descobre um "baseado" que Neto carregava na mochila, ele toma então a decisão de interná-lo em um manicômio para "curá-lo". Nesta parte da história o filme faz uma denúncia aos médicos de índole duvidosa que estão mais preocupados em receber fundos do governo do que tratar seus pacientes. É mostrado também, como são precárias as condições em que os pacientes são submetidos atrás dos muros, enquanto para os familiares é apresentado um lindo jardim de uma instituição supostamente idônea.
A trilha sonora do filme, composta por André Abujamra casa perfeitamente com o filme, além de músicas do Arnaldo Antunes e Zeca Baleiro.

Por fim, este filme é recomendado tanto pelas ótimas atuações do Santoro, ainda bem novo, do Gero Camilo, no papel do Ceará, um ator muito talentoso que já trabalhou em "Carandiru" e "Chamas da vingança", além da Cássia Kiss, Othon Bastos e Luis Miranda.

Curiosidades:
- O nome do filme é inspirado em uma música homônima do Zé Ramalho e Geraldo de Azevedo.
- No livro do Austregésilo há diversas denúncias contra médicos, o que rendeu um processo e censura. Desde o fim da ditadura, raríssimos foram os livros censurados, Cantos dos Malditos foi o primeiro. Felizmente, a decisão foi revertida e permitiram sua circulação.
- Austregésilo morreu em 2008, por complicações do câncer no fígado.

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